Em solenidade virtual, no dia 10 de março, foi oficialmente instaurado o Conselho Consultivo de Mulheres na Tecnologia, iniciativa da regional paranaense da Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação (Assespro-Paraná). O grupo, que reúne representantes de vários segmentos, tem o objetivo de desenvolver ações que ampliem a presença feminina no setor de inovação do estado.

O Conselho é presidido por Cris Alessi, que também é presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação (órgão público municipal). Ela e outras oito conselheiras (Anaide Araújo, Carolina Strobel, Cristina Almeida, Elenice Novak, Márcia Beatriz Cavalcante, Margaret Mussoi Luchetta Groff, Mariana Foresti e Rafaela de Campos Benatti) foram empossadas na solenidade, que contou com a presença do presidente da Assespro-Paraná, Lucas Ribeiro, e do diplomata Pedro Henrique Lopes Borio, atualmente embaixador do Brasil no Canadá.

Com 45 anos de experiência em relações exteriores, Borio ressaltou que o povo brasileiro, a despeito das dificuldades, tem vocação para inovar e que isso precisa ser fomentado, com a inclusão das mulheres. Sobretudo, em postos de comando.

“Em qualquer lugar do Brasil vai ter gente trabalhando com inovação, com startups, mesmo que nem sempre chamem assim. Devemos promover a ampliação da participação feminina e, principalmente, mirar na colocação de mulheres em cargos de direção, em conselhos, em postos com responsabilidade efetiva”, assinalou o diplomata.

PROPÓSITOS

A recomendação do embaixador vai ao encontro dos propósitos do Conselho criado pela Assespro-Paraná, conforme as palavras de Cris Alessi. “A inclusão das mulheres deve se dar nas duas pontas: na base e nos postos de comando. É uma pauta que não deve ser só das mulheres, mas dos homens também, de toda a sociedade. Temos que trabalhar colaborativamente”, afirmou.

Cris Alessi citou dados que ilustram a desigualdade de gênero no setor de tecnologia da informação (TI). Por exemplo, o de que as mulheres representam apenas 20% dos profissionais da área e têm remuneração em média 34% inferior à dos homens. Ela trouxe uma outra preocupação: a de que a tecnologia substitui tarefas em sua maioria exercidas por mulheres, como os cargos de atendimento, o que exige políticas de recolocação dessas trabalhadoras.

CONSELHEIRAS

Na solenidade remota, as conselheiras se apresentaram e manifestaram suas expectativas em relação ao trabalho do grupo. Márcia Cavalcante enalteceu o fato de a Assespro-Paraná estar não só pautando, como agindo em prol da equidade de gênero. “Não basta falar sobre o tema, tem que transformar a fala em ação efetiva.”

A pluralidade do Conselho foi salientada por Elenice Novak. “A palavra é ‘integração’. É pela integração de todos os atores sociais [representados no grupo] e outros que faremos muito.” Margaret Groff também mencionou “integração” entre diversos segmentos como imprescindível para a inclusão das mulheres em TI.

Carol Strobel destacou o processo de expansão do setor de inovação, como de startups, ponderando que é um universo onde a maioria em atuação ainda é masculina. Anaide Araújo frisou que a área de tecnologia é uma “oportunidade de mobilidade social”, o que reforça a importância da equidade de gênero. “Precisamos de muito mais mulheres [na área]. Elas precisam de exemplos, de modelos; é nossa responsabilidade promover isso.”

Não é à toa, na avaliação de Cristina Almeida, que “há um grande caminho a percorrer. Há muito espaço”, disse, sugerindo observar as experiências de ecossistemas de inovação no mundo onde a presença feminina é mais significativa. Para Rafaela Campos, o Conselho se propõe a promover “a partir de agora” a transformação. “A criação [do grupo] é uma iniciativa de fato.”

COMPROMISSO

O presidente da Assespro-Paraná, Lucas Ribeiro, reiterou o compromisso da entidade em fomentar “cada vez mais a presença e a participação de mulheres em um setor ainda com predominância masculina.” Tal como enfatizaram Pedro Borio e Cris Alessi, Ribeiro também chamou a atenção para a importância de que a inclusão se dê em todas as atividades, funções e escalões, incluindo a abordagem com palestras e eventos que incentivem meninas, ainda em época escolar, para que construam carreira nas áreas de tecnologia.

O Conselho Consultivo de Mulheres na Tecnologia da Assespro-Paraná inicia agora o trabalho de traçar um diagnóstico mais preciso da realidade feminina no setor, no estado; de promoção de eventos, debates e outras atividades de inclusão das meninas e das mulheres. Uma das prioridades é estimular o ingresso delas em cursos e programas de formação e capacitação continuada.

Confira as integrantes do Conselho Consultivo de Mulheres em Tecnologia, da Assespro-Paraná:

• • Cris Alessi. Presidente da Agência Curitiba de Desenvolvimento e Inovação (órgão público municipal), do Conselho Municipal de Inovação e do Fórum Inova Cidades;

• • Marcia Beatriz Cavalcante. Presidente da Curitiba Angels, Pós-Doutora pela Universidad Politecnica de Madrid, Ph.D em Gestão da Inovação, mestre em engenharia de software pela McGill University (Montreal), atuando em projetos de transformação digital do governo;

• • Elenice Novak. Professora de cadeiras tecnológicas e avaliadora de projetos de Inovação Tecnológica e Tecnologia de Informação da UFPR;

• • Margaret Mussoi Luchetta Groff. Consultora ONU Mulheres para WEPs. Engenheira, fez carreira na Itaipu Binacional;

• • Carolina Strobel. Primeira líder mulher do time da Redpoint eventures;

• • Anaide Araújo. Da Assespro-Paraná da região oeste do estado, CEO e sócia da MAXICON SISTEMAS. Presidente do Conselho Municipal de Desenvolvimento de Toledo e da associação comercial da mesma cidade;

• • Mariana Foresti. Sócia da Honey Island Capital.

• • Rafaela de Campos Benatti. Co-fundadora da Accellog e CEO da Tomorrow Academy. Da diretoria da subseção da Assespro-PR em Maringá.

• Cristina Almeida. Atua com tecnologia da informação, como investidora e mentora de empresas fundadas por mulheres, integrante de redes-anjos em São Francisco, Estados Unidos.